UT-2EFAI-U1-04a
A cigarra e a formiga – La Fontaine
Tendo a cigarra em cantigas
Folgado todo o Verão
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.
Rogou-lhe que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza e brilho,
Algum grão com que manter-se
Té voltar o aceso Estio.
«Amiga, diz a cigarra,
Prometo, à fé d’animal,
Pagar-vos antes d’Agosto
Os juros e o principal.»
A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso junta.
«No Verão em que lidavas?»
À pedinte ela pergunta.
Responde a outra: «Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora.»
«Oh! bravo!», torna a formiga.
– Cantavas? Pois dança agora!»
Moral da história:
Os que não pensam no dia de amanhã, pagam sempre um alto preço por sua imprevidência.”
– La Fontaine em “Fábulas de La Fontaine”. [tradução Bocage, Rio de Janeiro: Editora Brasil- América, 1985.
Versão de La Fontaine, traduzido por Bocage
A cigarra e a formiga
(neste site: https://www.sabergenial.com.br/literatura/fabulas-a-cigarra-e-a-formiga, copie desde “Tendo a cigarra em cantigas / Folgado todo o Verão” até La Fontaine em “Fábulas de La Fontaine”. [tradução Bocage, Rio de Janeiro: Editora Brasil- América, 1985.)
A cigarra e as formigas
I- A formifa Boa:
Houve uma jovem cigarra que tinha
o costume de chiar ao pé de um formigueiro.
Só parava quando cansadinha; e seu divertimento
então era observar as formigas na
eterna faina de abastecer as tulhas.
Mas o bom tempo afinal passou e vieram
as chuvas. Os animais todos, arrepiados,
passavam o dia cochilando nas tocas.
A pobre cigarra, sem abrigo em seu
galhinho seco e metida em grandes apuros,
deliberou socorrer-se de alguém.
Manquitolando, com uma asa a arrastar,
lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu
– tique, tique, tique…
Aparece uma formiga friorenta, embrulhada
num xalinho de paina.
– Que quer? – perguntou, examinando
a triste mendiga suja de lama e a tossir.
– Venho em busca de agasalho. O mau
tempo não cessa e eu…
A formiga olhou-a de alto a baixo.
– E que fez durante o bom tempo, que
não construiu sua casa?
A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu
depois de um acesso de tosse:
– Eu cantava, bem sabe…
– Ah!… – exclamou a formiga
recordando-se. – Era você então quem cantava
nessa árvore enquanto nós labutávamos
para encher as tulhas?
– Isso mesmo, era eu…
– Pois entre, amiguinha! Nunca
poderemos esquecer as boas horas que sua
cantoria nos proporcionou. Aquele chiado
nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos
sempre: que felicidade ter como vizinha tão
gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá
cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e
voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.
II- A formiga má:
II – A formiga má
Já houve, entretanto, uma formiga
má que não soube compreender a cigarra e
com dureza a repeliu de sua porta.
Foi isso na Europa, em pleno inverno,
quando a neve recobria o mundo com o seu
cruel manto de gelo.
A cigarra, como de costume, havia
cantado sem parar o estio inteiro, e o inverno
veio encontrá-la desprovida de tudo, sem
casa onde se abrigar, nem folhinhas que
comesse.
Desesperada, bateu à porta da formiga
e implorou – emprestado, notem! – uns
miseráveis restos de comida. Pagaria com
juros altos aquela comida de empréstimo,
logo que o tempo o permitisse.
Mas a formiga era uma usurária sem
entranhas. Além disso, invejosa. Como não
soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vêla
querida de todos os seres.
– Que fazia você durante o bom
tempo?
– Eu… eu cantava!
– Cantava? Pois dance agora, vagabunda!
– e fechou-lhe a porta no nariz.
Resultado: a cigarra ali morreu entanguidinha;
e quando voltou a primavera o
mundo apresentava um aspecto mais triste.
É que faltava na música do mundo o som estridente
daquela cigarra morta por causa da
avareza da formiga. Mas se a usurária morresse,
quem daria pela falta dela?
Os artistas – poetas, pintores, músicos
–
são as cigarras da humanidade.
Versão de Monteiro Lobato
A cigarra e as formigas
(na página 12 deste livro: https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=lang_pt&id=tfhDjiHJ0mIC&oi=fnd&pg=PA51&dq=fabulas&ots=vh-sbQGE_r&sig=UcEaLTdESTdu0FHrau8TtIJUgqU&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false, copie desde “A cigarra e as formigas I – A formiga boa” até “Os artistas – poetas, pintores, músicos – são as cigarras da humanidade.”)